Bhagavad Gita: é sobre combate, estúpido
- Redação Entre Asanas

- há 7 minutos
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Se algum dia você ouviu que Yoga é apenas para relaxar, ouviu de alguém que não leu os manuais clássicos — e que provavelmente aprendeu com outro alguém que também não os leu. A Bhagavad Gita, texto clássico da filosofia do Yoga, é explícita ao rejeitar essa visão adocicada da prática.
O verso 18.59 sintetiza a exigência fundamental do caminho:
“Se você deixar de agir segundo a Minha direção, e não lutar, então seguirá uma orientação errada. Por sua natureza, você terá que se ocupar no combate.”
A mensagem é contundente: para fazer prevalecer a natureza autêntica — objetivo máximo da existência humana — é preciso lutar, confrontar e combater as não conformidades que formam o ciclo de condicionamentos chamado Samsara.

O combate interior como eixo da prática
Nesse contexto, o Yoga compreende que todo tipo de anomalia — interna ou externa — está sempre à espreita, pronta para se manifestar no instante em que o indivíduo se distrai ou se deixa afetar pelas perturbações cognitivas. Basta um momento de desatenção para que essas perturbações degradem silenciosamente a experiência de existir.
Por isso, a disciplina exige cultivar um estado permanente de atenção e autocontrole, sustentado pelo conhecimento profundo do próprio sistema: corpo, cognição e comportamento no espaço-tempo. Saber quando surgem as não conformidades (gatilhos), como elas operam e de que modo suprimi-las no exato momento em que ocorrem é o núcleo da prática.
Assim, o combate da Bhagavad Gita não é metafórico: é um procedimento técnico, contínuo e cognitivo. Os manuais clássicos do Yoga oferecem precisamente essa engenharia interna. Quando o praticante opera com esse conhecimento embarcado em seu próprio “sistema operacional”, aumenta sua estatística virtuosa e reduz a estatística viciosa. Em outras palavras, aprende a fazer prevalecer, de forma ativa e lúcida, sua natureza autêntica.







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